Presidentes de seis clubes de futebol se uniram em bloco para cobrar a abertura do que ele denominam de "caixa preta" da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF).
Os cartolas querem cópias de contrato vigente entre a entidade e a TV Centro América (Globo) para a transmissão dos Jogos do Campeonato Estadual.
No documento assinado pelos dirigentes do Cuiabá Esporte Clube, Mato Grosso, Luverdense, Mixto, União e Cacerense, eles exigem as informações dos direitos e obrigações relativas às premiações de 2013 e 2014 e de que forma foram distribuídos ou serão distribuídos os recursos.
Foi solicitada ainda a cópia dos contratos entre a FMF e a Chevrolet. Eles não sabem qual a previsão de recursos aos clubes oriundos da exploração dos espaços publicitários dos estádios pela fabricante de veículos.
“Nós não temos informação de nada. Não queremos provocar nenhuma cizânia e nem afrontar a federação, mas estamos perdidos e esta nova safra de gestores de equipes de futebol tem domínio de gestão administrativa e financeira”, disse aoMidiaNews o presidente do Mixto Esporte Clube, Eder Moraes.
Eles questionam ainda o conhecimento de todas as despesas que compõe o borderô de jogos, em especial, as diárias de locomoção dos funcionários da federação e de árbitros em geral.
Os presidentes dos clubes também desconhecem quem são os membros do Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso, quais são os indicados pela Federação Mato-grossense de Futebol e quais os critérios de escolha e a representatividade.
O presidente do Cuiabá Esporte Clube, Cristiano Luiz Dresch, disse que o contrato com a TVCA, por exemplo, é do final de 2009 e início de 2010 e, até hoje, os atuais presidentes não tiveram acesso ao contrato.
“Temos esse direito e estamos sendo cerceados. É uma forma de facilitar a vida dos clubes e a federação não está fazendo o papel dela, de tornar público o que estamos cobrando”, disse Dresch.
Conforme o dirigente, a FMF terá prazo de até cinco dias para responder à solicitação. Caso se negue, os cartolas devem ingressar com ação judicial contra a entidade, dirigida há quatro décadas por Carlos Orione.
O MidiaNews não conseguiu manter contato com os dirigentes dos demais clubes que assinam o documento de cobrança enviado à FMF.
Associação de presidentes
Cristiano Dresch lembrou que a situação dos clubes de Mato Grosso parece ser única e citou exemplos onde os clubes são valorizados pelas federações.
"O Rio Grande do Sul é um estado mais rico do que o nosso. Lá, os times do interior recebem R$ 1 milhão da federação e aqui cada clube recebe R$ 15 mil da GM e R$ 30 mil da TVCA, para os três meses de campeonato. Precisamos de dinheiro para planejar, fazer contratações. A federação esta muito inoperante e poderia fazer muito mais”, disse.
O presidente do Mixto, Eder Moraes, revelou que ele e seus colegas estão se movimentando para fundar a Associação de Presidentes e Vice-presidentes de Clubes de Futebol, para ter uma voz mais ativa para cobrar a FMF.
“A federação sempre tem dificuldades em receber recursos públicos e está desorganizada e inadimplente. A associação, por não ter fins lucrativos, poderá receber os recursos e fortalecer os clubes de futebol”, explicou.
O cartola ainda cobrou os repasses de recursos do Governo do Estado e da Prefeitura de Cuiabá para os clubes de futebol.
Segundo ele, somente o Mixto tem cerca de R$ 1 milhão em passivos referentes ao ano de 2013.
“O Vila Aurora [de Rondonópolis] desistiu do campeonato por não ter condições financeiras para montar a equipe. Fica um jogo de empurra e o Estado não passou os recursos aos clubes. Em Mato Grosso, há um milhão de torcedores dos 13 clubes de futebol. Duvido que não tenha pelo menos umas 50 mil revoltadas com o que está acontecendo”, completou Moraes.
Taxa de Segurança
Assim que os trabalhos da Assembleia Legislativa forem retomados, em fevereiro, os dirigentes de clubes de futebol devem criar uma comissão e, juntamente com deputados federais, senadores e vereadores de Cuiabá, vão procurar os deputados estaduais para encontrarem uma maneira de acabar com a "Taxa de Segurança Pública", que os clubes são obrigados a pagar, para que a Polícia Militar faça a segurança nos estádios de futebol.
Os dirigentes entendem que a segurança pública deve ser realizada sem cobrança, por ser um dever do Estado garanti-la.
Há clubes que devem R$ 20 mil de taxa e há riscos de jogos da equipe não ocorrerem, por falta de segurança aos torcedores e aos jogadores.
Outro lado
O presidente da FMF, Carlos Orione, foi procurado pelo MidiaNews para falar sobre o movimento dos presidentes de clubes, na sexta-feira (10), por volta de 15h.
A assessoria informou que o dirigente estava "em reunião" e que, em seguida, daria um retorno. Até a edição desta reportagem, no entanto, o site não recebeu nenhum tipo de comunicado da entidade.
Confira a íntegra do ofício encaminhado pelos dirigentes à FMF: