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Fabrício Carvalho vê na música força para superar drama

Tentando retornar aos bons tempos após parar por problemas cardíacos, atacante da Cabofriense já gravou dois cd's e adianta que terceiro está a caminho

Redação
Por: Redação Fonte: MT Agora - Globo Esportes
28/01/2014 às 21h21 Atualizada em 31/01/2023 às 01h11

Ao marcar de cabeça o gol sobre o Botafogo, que garantiu a vitória da Cabofriense por 2 a 1 neste último domingo e levou a equipe à liderança do Campeonato Carioca, Fabrício Carvalho desembestou a correr. Atravessou todo o campo para comemorar, lá do outro lado, com o banco de reservas. "Um momento de êxtase", explica o atacante. Mas talvez, aquela corrida frenética quisesse dizer uma outra coisa: que o coração está saudável. Hoje, uma constatação até simples. Em 2005, uma dúvida que o afastou do futebol por longos dois anos, justamente no melhor momento de sua carreira. É àquele auge – ou algo próximo a isso – que o atacante tenta atualmente retornar.

No tempo em que ficou parado, Fabrício desenvolveu um talento que o acompanha desde a infância e encontrou no canto o alento que precisava para superar aquele momento. Gravou o primeiro cd, do gênero gospel, intitulado "Deus Forte". Tomou gosto pela coisa, e logo depois veio o segundo, "Deus de Milagres".

- Vou lançar o terceiro em breve - adianta o jogador/cantor de 35 anos. (Abaixo, você confere uma amostra do talento de Fabrício em um vídeo postado pelo próprio jogador na internet)

Um filho do futebol paulista, Fabrício acenou pela primeira vez à projeção nacional quando defendia a Ponte Preta. Em 2004, pelo São Caetano, o auge. Foi campeão paulista e artilheiro da equipe no Campeonato Brasileiro, com 19 gols. De porte alto, sempre deu muito trabalho aos zagueiros, mas as pernas longas também o permitiam se destacar na corrida. Com tantos atributos, chamou a atenção do São Paulo e até do futebol espanhol, conta o próprio. Porém, os exames rotineiros de reapresentação no ano seguinte lhe reservaram o maior baque de sua vida. Tinha uma arritmia cardíaca.

Era o lugar errado. E o momento errado. O lugar era o São Caetano. O momento era três meses depois da morte de Serginho, que se deu justamente por uma parada cardíaca no meio de uma partida. Fabrício estava em campo naquele fatídico jogo e mantém viva a lembrança de um dos episódios mais trágicos do futebol brasileiro.

- Sempre ficou aquela cena na minha cabeça. Tive um receio muito grande porque eu estive no momento da morte do Serginho. Eu presenciei aquilo. Logo depois de viver aquela cena receber uma notícia ruim como essa, fiquei muito entristecido. Foi um baque, um balde de água gelada - lembra.

A princípio, o tempo de afastamento era de três meses. Mas quem seria o responsável por lhe dar um aval para retornar diante do medo que rodeava aquele momento? O prazo foi se arrastando, se arrastando. Fabrício conta que fazia exame atrás de exame, mas ninguém sabia lhe dizer exatamente o que tinha - uma dúvida que, inclusive, dura até hoje. Muito menos ainda lhe davam a permissão de jogar bola.

Era preciso um cardiologista para se responsabilizar e assinar embaixo do seu retorno ao futebol. Alguém que fosse contra tudo que já haviam dito até aquele dia. Dois anos depois, no início de 2007, Fabrício conheceu essa pessoa. O médico Sérgio Rassi, de Goiânia, foi o "anjo" na vida do atacante, como ele mesmo define.

- Aquilo foi Deus. Ele foi contra todos os diagnósticos de todos os médicos. Como um especialista em arritmia, ele disse: 'Estou indo contra a minha família'. A própria família dele dizia: 'Você é louco? O Brasil inteiro é contra, o Brasil inteiro está evitando a volta desse rapaz. Você vai assumir?'. E ele disse: 'Vou'. Foi um anjo enviado na minha vida, porque ninguém teve coragem na época - relata Fabrício.

A VOLTA
Ali mesmo, no Goiás, foi aberta a primeira porta para o recomeço. Com o aval embaixo dos braços, Fabrício Carvalho retomou a vida de jogador. Claro, não como era antes. O receio do coração pregar uma peça deixava o jogador e todos à volta apreensivos.

- Enquanto eu corria, os médicos do Goiás me acompanhavam com um desfibrilador (risos) - brinca ele, que teve que tomar, até meados de 2008, betabloqueadores para impedir que os batimentos cardíacos atingissem o ápice. De três em três meses, ele também viajava até Andradina-SP, sua cidade-natal, para novos exames.

Mas retornar àquela fase seria complicado. O auge, ao que tudo indicava, já havia passado. Fabrício não conseguiu deslanchar no Goiás. Nem na Portuguesa. Nem no Volta Redonda. Nem no Bragantino. Nem no Guaratinguetá. Nem na Ferroviária. Nem no Araxá.

Centroavante de ofício, deixou gols por todos esses clubes, claro. Porém, não com o mesmo destaque que tivera no São Caetano. Não sendo artilheiro do time num Campeonato Brasileiro. Até que foi parar na Cabofriense.

O SONHADOR
- Fabrício, você ainda sonha?
Essa foi a pergunta feita pelo técnico da Cabofriense, Alexandre Barroso, assim que Fabrício Carvalho pôs os pés no clube. O treinador queria se assegurar de que tinha não apenas mais um jogador, mas um jogador motivado. A resposta foi positiva. Sim, Fabrício sonha. Sonha em ter novamente a chance que a arritmia o impediu de aproveitar. Quer despertar o interesse de um clube grande.

- Claro que eu sonho. Estou buscando algo a mais no futebol e tenho certeza que vou alcançar. Quero chegar a um outro clube de expressão para continuar desenvolvendo o meu trabalho - afirma, com convicção.

O gol do último domingo - o primeiro pela Cabofriense-, pode ter certeza, foi um primeiro passo para isso. Uma vez líder do Campeonato Carioca, os gols de Fabrício serão cada vez mais exigidos. Resta saber se ele conseguirá suprir à necessidade, o que apenas o tempo dirá.

O CANTOR
Fabrício afirma com um orgulho que impressiona: sempre, desde pequeno, foi temente a Deus. A mãe o levava à igreja todos os domingos, aflorando ainda mais a religião do menino. Esse ponto, lembra ele, foi fundamental para superar os obstáculos durante aqueles dois amargos anos em que fora afastado dos campos.

Filho e sobrinho de sambistas, o jogador acabou herdando também a veia artística. Decidiu, então, unir as influência e se tornou cantor gospel. A ideia de gravar cd's, concretizada mesmo no tempo em que não podia jogar futebol, não possui embasamento financeiro, garante ele. O objetivo é apenas espalhar a palavra de Deus.

- Naquele momento difícil, eu sempre olhei pelo lado positivo. Hoje, para se ter uma ideia, sou palestrante. Sou convidado para dar palestras em escolas, clubes, igrejas. Naquele momento, gravei um cd evangélico. Eu tenho em mente que todas as coisas contribuem para o bem. Apesar do problema ter me atrapalhado no lado profissional, fortaleceu meu lado espiritual - diz Fabrício, que também é dono de uma associação em Andradina que auxilia moradores de rua e crianças carentes.

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