As mulheres são, definitivamente, minoria na torcida do Chile instalada em Cuiabá. A média, segundo brincam os torcedores, é de que a cada 10 torcedores do país, apenas duas mulheres tem representado “La roja” por aqui.
O acampamento da Associação Nipo-Brasileira, no Distrito Industrial, demonstra isso: no campinho de futebol, próximo da piscina, nos trailers e motorhomes, os homens estão por todas as partes.
A exceção é um mini-acampamento, formado por pelo menos quatro barracas, no meio do camping: ali estão Olga Arabelar, 63 anos, Natali Antunes, 28 anos, Patrícia Joarramillo, 51 anos, Pia Jofre, 30 anos, e von Lobos, 49 anos.
Juntas, as cinco partiram de Santiago do Chile, passaram pela Argentina e chegaram pelo Sul do Brasil com o objetivo de chegar em Cuiabá a tempo para o jogo.
A camionete, inclusive, foi comprada por Olga como parte do planejamento, que levou um ano para ser definido. No projeto, elas incluíram a compra de comida e bebidas, a revisão no veículo e a preparação psicológica e física do que podiam encontrar pela frente.
Foram mais de cinco mil quilômetros em cinco dias de viagem. No caminho, houve os percalços.
“Nosso carro quebrou, tivemos problemas com os pneus e, graças a Deus, fomos ajudadas por outras pessoas da caravana, que se tornaram amigos de verdade. Se não fosse isso, não sei se chegaríamos até aqui”, disse Pia.
Ao entrar em Cuiabá, o grupo disse que era um misto de alegria com incredulidade que haviam conseguido.
“Quando vimos as placas, a entrada da cidade, começamos a comemorar e, ao mesmo tempo, todas choraram. Vibramos de emoção e até agora, aqui, a gente não consegue acreditar muito”, afirmou Natali.
Ainda que a caminhada mais longa já tenha passado, o grupo ainda fará uma maratona pelo Brasil: acompanharão o Chile por todos os locais que a seleção passar.
Isso significa que o grupo ainda enfrenta cerca de dois mil quilômetros até o Rio de Janeiro e, depois, até São Paulo, 360 quilômetros, locais garantidos para o time jogar contra Espanha e Holanda, respectivamente. Mas o grupo aposta em mais.
“Só vamos embora quando o Chile for campeão. E, se não for, vamos felizes e com certeza vitoriosas. Conseguimos chegar até aqui e isso é motivo de comemoração”, disse Pia.