Na última terça-feira, 20 de maio, Brasília foi palco do Fórum de Cooperação do BRICS sobre Transformação Digital da Indústria, um encontro promovido pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, em parceria com o Centro para Cooperação Econômica e Tecnológica Internacional. Realizado no hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, o evento fez parte da agenda do grupo de trabalho sobre transformação digital da indústria, dentro da iniciativa de Parceria para uma Nova Revolução Industrial do BRICS.
O fórum reuniu cerca de 60 representantes do governo chinês, empresas de tecnologia e instituições industriais dos países membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Autoridades, empresários e especialistas de diferentes nacionalidades participaram de uma programação intensa voltada à inovação e à digitalização dos processos produtivos.
A abertura contou com discursos de destaque, como o do vice-ministro da Indústria e Tecnologia da Informação da China, Xiong Jijun, e de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, além de lideranças de entidades internacionais da área de conectividade sem fio.
Durante o evento, foram apresentados dois documentos com foco no futuro da indústria. O primeiro traz um relatório sobre como a inteligência artificial pode melhorar a conexão entre sistemas e impulsionar uma nova revolução industrial, com tendências e análises relevantes para os países do BRICS. O segundo documento formalizou uma iniciativa conjunta dos cinco países para incentivar a inovação digital por meio da colaboração internacional. Também foi lançada a etapa brasileira da Competição de Inovação Industrial do BRICS, que selecionará projetos inovadores no setor produtivo nacional. Além disso, instituições dos países participantes assinaram acordos de cooperação para facilitar parcerias e projetos conjuntos nas áreas de tecnologia e transformação digital.
Ao longo da programação, as apresentações técnicas aprofundaram os principais temas abordados, como conectividade digital, uso da inteligência artificial na indústria, integração de normas técnicas e estratégias de inovação entre os países do bloco. Representantes da ApexBrasil, da empresa chinesa Huawei, da plataforma de vídeos Kuaishou, de alianças tecnológicas e de centros de pesquisa brasileiros compartilharam experiências e perspectivas sobre os desafios e oportunidades da indústria do futuro. As discussões reforçaram a importância da cooperação internacional para a construção de sistemas industriais mais modernos, eficientes e sustentáveis.
Entre os especialistas que acompanham o avanço das relações internacionais do Brasil, Su Jung Ko, fundadora do Brazil Korea Conference, destacou a importância do fortalecimento dos laços com países asiáticos. “O Brasil precisa fomentar cada vez mais a relação estratégica com os países da Ásia, como China, Coreia do Sul, Japão, Índia e outros do Sudeste Asiático. Existe uma complementariedade muito grande entre essas economias, essencial para um desenvolvimento econômico mais sustentável”, afirmou.
Nesse mesmo sentido, o BRICS foi apontado como uma plataforma de colaboração capaz de reduzir a dependência de mercados tradicionais e ampliar a capacidade de investimento dos países-membros em infraestrutura e tecnologia. “Para o desenvolvimento econômico de um país, e consequentemente das empresas, e nesse momento de um cenário de instabilidade global, o fomento e financiamento de bancos públicos se tornam fundamentais. Surge como uma excelente alternativa o BRICS, um bloco econômico e geopolítico que pode contribuir efetivamente para áreas como telecomunicações, energia e agronegócio”, afirmou Pedro Sacramento, diretor de relações governamentais do grupo CAOA que esteve presente no evento. Ele também destacou a rápida transformação do setor automotivo na busca por veículos mais tecnológicos, sustentáveis e alinhados às novas demandas de mobilidade.
Entre os convidados brasileiros presentes, esteve Rosana Nishi, sócia da Macke Consultoria e conselheira do Brazil Korea Conference. Para ela, o fórum representou um marco importante para o fortalecimento de parcerias estratégicas no cenário industrial internacional. “Participar do fórum foi uma experiência extremamente enriquecedora. As discussões mostraram que a transformação digital da indústria passa, necessariamente, pela cooperação internacional e pela integração de tecnologias e práticas. O BRICS oferece um espaço poderoso para esse tipo de diálogo e construção conjunta. A Macke Consultoria acredita fortemente nesse caminho”, avaliou Rosana.
Com 16 anos de atuação em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), a Macke tem como foco a promoção da inovação por meio de parcerias estratégicas e acesso a instrumentos de fomento. A consultoria conecta empresas brasileiras a fontes de financiamento público como a Lei do Bem, Finep e BNDES, contribuindo diretamente para a elevação da produtividade nacional e o fortalecimento da base tecnológica do país — temas debatidos durante o fórum.
Para Andre Maieski, sócio da consultoria, os debates do fórum evidenciam uma forte sintonia entre os objetivos do BRICS e as diretrizes nacionais voltadas à inovação. “Esse alinhamento pode ampliar a inserção do país em cadeias produtivas mais tecnológicas e sustentáveis, sobretudo com o apoio de instituições como Finep e BNDES”, afirmou.
Brendo Ribas, também sócio da Macke, complementa destacando a importância do planejamento estratégico para acessar essas oportunidades. “Para que as empresas brasileiras aproveitem plenamente as oportunidades de inovação e digitalização, é fundamental que elas estejam preparadas para acessar mecanismos de fomento alinhados com as agendas globais de desenvolvimento”, destacou.
O encerramento do fórum reforçou o compromisso dos países do BRICS com uma agenda tecnológica inclusiva, colaborativa e voltada à competitividade e sustentabilidade das economias envolvidas. A consolidação de iniciativas conjuntas no campo digital, a promoção de investimentos em infraestrutura e a articulação com novos parceiros asiáticos despontam como caminhos estratégicos para o futuro industrial do Brasil.