A secretária da Mulher, tenente-coronel Hadassah Suzannah, participou nesta quarta-feira (11), ao lado das secretárias municipais de Saúde, Lúcia Helena, e de Assistência Social, Hélida Vilela, da reunião da Comissão dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Cuiabá. O encontro, presidido pela vereadora Maria Avalone, teve como pauta a reestruturação da rede de apoio às mulheres na capital, com ênfase na definição de novos espaços de acolhimento e na apresentação preliminar do Projeto Acolher, que prevê a implantação de salas com equipes multidisciplinares integradas à atenção básica.
Além de representantes da Prefeitura de Cuiabá, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o evento contou com a presença da presidente da Câmara, vereadora Paula Calil, e das vereadoras Baixinha Giraldelli, Michelly Alencar e Maysa Leão.
Durante a reunião, Hadassah destacou a importância dos espaços de escuta e acolhimento, ressaltando que a Secretaria da Mulher de Cuiabá vem se consolidando como uma porta de entrada para denúncias e apoio às vítimas. “Hoje temos atendimento psicológico na sede da Secretaria, de segunda a sexta-feira, com uma psicóloga fixa e uma coordenadora psicóloga. É um espaço aberto para qualquer mulher da rede. Estamos também prestes a inaugurar o Centro de Referência ‘Casa da Mulher Tipo 3’, previsto para agosto ou setembro e, com isso, estamos ampliando os atendimentos”, anunciou.
A secretária também comentou sobre a reestruturação dos atendimentos após o encerramento das atividades em unidades de Pronto Atendimento (UPAs), explicando que esse processo revelou falhas, como a permanência de mulheres que não compareciam aos atendimentos, mas cujos nomes permaneciam na lista de assistidas.
“Um ponto positivo foi a análise dos atendimentos em andamento. Descobrimos, pelas triagens, que havia mulheres cadastradas desde 2020 que já não compareciam e não precisavam mais de acompanhamento, mas ainda constavam como atendidas. O espaço é voltado para vítimas de violência, mas muitos casos eram encaminhados por outros motivos. Isso não invalida a necessidade dessas mulheres, mas desvia o foco da finalidade do serviço. Como gestores, temos o dever de cuidar do recurso público, evitando ausências e profissionais ociosos”, relatou Hadassah.
A secretária de Saúde, Lúcia Helena, explicou que as salas de atendimento foram desativadas por estarem em locais irregulares, comprometendo o acesso das ambulâncias e o funcionamento das unidades, em desacordo com as normas do Ministério da Saúde. “Isso não significa falta de acolhimento à causa. Já estamos finalizando o Projeto Acolher, que prevê salas com equipes multidisciplinares em todas as regiões da cidade, além da reorganização do fluxo de atendimento para garantir assistência à mulher desde a fase aguda até o cuidado continuado”, esclareceu.
Catarina Célia de Araújo Amorim, secretária-adjunta de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, detalhou o novo plano da pasta, que será apresentado ainda este mês. “Estamos criando quatro salas, uma por regional de saúde [leste, oeste, sul e norte], com equipes multidisciplinares: psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, ginecologistas e apoio da saúde mental”, afirmou.
A vereadora Maysa Leão reconheceu os avanços da atual gestão e criticou administrações anteriores que, segundo ela, atuavam apenas de forma simbólica. Ela observou que a lei que incentiva o empreendedorismo feminino, política pública executada pela atual gestão, é de sua autoria e foi aprovada em 2020, mas não foi implementada pela gestão anterior, mesmo com recursos destinados. Para Maysa, a reunião trouxe respostas importantes sobre a articulação para ampliar a rede de acolhimento e enfrentamento à violência.
“A secretária Hadassah se colocou com humildade. Buscou a rede, entrou nela, participa e disponibiliza tudo o que é necessário. A Secretaria, com toda a sua equipe, avançou muito. Hoje foi um dia de muitas respostas, fruto de uma semeadura de rede de enfrentamento à violência e de uma forte política de prevenção. A rede já está pronta? Ainda não, está em construção, ainda patinando, porque é uma nova gestão com novas lideranças. Há pessoas que sempre atuaram na ponta, mas essas também precisam do nosso apoio para que a estrutura funcione”, afirmou a vereadora.
A presidente da Comissão, vereadora Maria Avalone, ressaltou o papel estratégico do orçamento público voltado às mulheres. “É por meio do orçamento mulher que vamos garantir que essas propostas se tornem realidade. Estamos com oito vereadoras em atuação, e nossa responsabilidade é fazer a diferença com esse time de mulheres fortes”, pontuou.
Além do debate sobre espaços de acolhimento e orçamento voltado às mulheres, foram discutidas a implantação do projeto Lírios em Cuiabá e a repactuação do Termo de Cooperação — o último assinado em 2019 — e a criação de uma nova comissão composta por representantes de cada secretaria.
Também participaram da reunião a promotora de Justiça Claire Vogel Dutra, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica; Fabiana Soares, gerente da Casa de Amparo de Cuiabá; Adriany Carvalho, representando a juíza Ana Graziela Vaz de Campos, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar; Francielle Claudino Brustolin, procuradora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso; e Judá Maali Pinheiro Marcondes, delegada da Polícia Judiciária Civil e titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, entre outras autoridades que integram a rede de enfrentamento à violência contra a mulher.
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A imagem principal mostra secretárias municipais, vereadoras e outras autoridades que integram a rede de enfrentamento à violência contra a mulher durante reunião da Comissão dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Cuiabá.