As expectativas para 2015 eram grandes. Mudanças no calendário dos estaduais, maior tempo de pré-temporada, a volta da seleção brasileira às Eliminatórias da Copa tentando apagar o fatídico 7 a 1 para a Alemanha no Mundial passado e a primeira vez que o calendário da Série A do Campeonato Brasileiro pararia em datas Fifa.
Com certeza era um ano em que as pequenas mudanças poderiam fazer a diferença. Mas fazendo um balanço a poucos dias da virada para 2016 a impressão é outra.
Corrupção na Confederação Brasileira de Futebol, eliminação precoce da seleção na Copa América, dificuldades nas Eliminatórias e a falta de organização nos campeonatos prometem um próximo ano obscuro para o futebol.
Tour nas arenas
Cássio, goleiro do Corinthians, comentou em fevereiro, durante programa do canal Fox Sports, que promover jogos em sequência nas arenas construídas pelos País para a Copa do Mundo é algo cansativo, pela distância entre uma e outra. Para o atleta, não se tem mais um preparo físico adequado para aguentar de três a quatro horas de vôo e uma partida de 90 minutos em seguida.
Desde o fim a Copa de 2014, CBF e promotores tentam colocar partidas de grandes equipes em arenas pouco utilizadas
Após a Copa, como Brasília, Cuiabá e Manaus
Durante a conversa, o ex-técnico do Atlético Mineiro, Levir Culpi, chegou a comentar sobre as atitudes de Luxemburgo e Felipão em relação à arbitragem: “O Vanderlei e o cara de pau do Felipão fizeram um pedido. Eles querem mais liberdade para reclamar com o árbitro. Eles querem apitar o jogo. O Felipão, quando jogam a moeda, sempre acha que está sendo prejudicado”, brincou o treinador.
Coincidentemente, uma das frases mais reproduzidas neste Brasileirão foi a declaração do próprio Levir em relação aos árbitros “O Brasileiro de 2015 já está manchado pela arbitragem. Não me lembro de ter havido uma tamanha comoção”, declarou o treinador, que durante algumas rodadas continuou reclamando.
Corrupção e venda na CBF
Em maio, o jornal "O Estado de S.Paulo" publicou uma reportagem sobre documentos que comprovavam acordo entre a CBF e a empresa ISE para jogos da seleção brasileira. Os contratos obtidos descreviam que os jogadores convocados deveriam atender a critérios de parceiros comerciais. À frente dessa operação estava Ricardo Teixeira, então presidente da entidade.
O substituto de Teixeira na presidência da CBF, Marco Polo del Nero, chegou a declarar que os contratos não eram ruins, já que os jogos da seleção na época davam prejuízo “Nós chegamos já tinha esse contrato, temos de cumprir. Eu não chego a dizer que é ruim. Porque quando a gente jogava no Brasil não chegava a tirar esse valor (US$ 1,05 milhão). Hoje quanto é isso? R$ 3 milhões é pouco? Se analisar, hoje o contrato é bom.”
No mesmo mês, o ex-presidente da CBF José Maria Marin foi preso durante operação na Suíça que ficou conhecida como Fifagate. A polícia suíça juntamente com o FBI prenderam sete dirigentes da Fifa e cinco executivos por corrupção e extorsão. O brasileiro foi acusado de receber propina durante a Copa América e a Copa do Brasil, em 2014.
No começo de dezembro, Del Nero também entrou na mira do FBI e após ser denunciado pediu licença da presidência. A CBF anunciou uma eleição para a escolha do novo vice-presidente (substituir Marin) para amanhã com aliado de Del Nero concorrendo sozinho pelo cargo.
Partiu Sibéria, Eurico!
Eurico Miranda, presidente do Vasco da Gama, protagonizou a frase do ano: “Se o Vasco cair eu me mudo para a Sibéria”.
O mandatário soltou o desafio em agosto, quando o time ainda estava em último lugar da tabela. Eurico ainda disse que a palavra rebaixamento era proibida nos arredores da colina. Resultado? Mais um rebaixamento, o terceiro em oito anos.
Trapaça
Em outubro, o jogador da Ponte Preta Alexandro marcou um gol irregular no duelo contra o Coritiba, vencido pelo time paulista por 3 a 0. A bola resvalou no braço do atacante, que no fim do jogo confirmou a irregularidade.
Porém, o que chamou atenção foi o modo irônico com o que Alexandro reconheceu o erro: “Acho que pegou um pouquinho, mas o que vale é o gol. Manda eles reclamarem lá na Federação”, brincou ao sair de campo.
Dança das cadeiras
A temporada ficou marcada pela constante troca de técnicos. De todos os 20 clubes da elite do Brasileirão, apenas um se manteve no cargo para 2016, justamente o campeão Tite, do Corinthians. Ao todo, foram 35 mudanças de comando.
Vida difícil para a seleção brasileira
Dos jogadores titulares no fatídico 8 de julho de 2014, na semifinal contra a Alemanha, apenas dois foram convocados para a Copa América - David Luiz e Fernandinho. A “renovação” do elenco era a esperança dos torcedores em conquistar o título e esquecer a campanha traumática da Copa do Mundo em casa, porém outro vexame foi visto.
A seleção brasileira apresentou um futebol ruim em praticamente toda a competição. Na fase de grupos ficou em primeiro com seis pontos (duas vitórias e uma derrota) e nas quartas de final caiu para o Paraguai na disputa de pênaltis.
A dependência do atacante Neymar, por mais que negada pelos jogadores e pelo técnico Dunga, foi vista mais uma vez. O desequilíbrio do astro com a camisa canarinho também. Neymar foi expulso ainda no segundo jogo, contra a Colômbia, quando se envolveu em confusão com Murillo e Baca.
Além da eliminação precoce durante a Copa América, o Brasil correu o risco de terminar o ano fora da zona de classificação das eliminatórias sul americanas para a Copa de 2018, na Rússia.
Na primeira rodada, uma pancada do Chile, 3 a 0. Na segunda, vitória em casa sobre a Venezuela por 3 a 1. No terceiro jogo, o clássico contra a Argentina poderia ser um divisor de águas. As duas seleções estavam mal e precisavam do resultado para crescer na tabela e na confiança dos torcedores. O resultado? Empate em 1 a 1.
Pressionadíssimo, o Brasil jogou a vida contra o Peru na Arena Fonte Nova, na Bahia, e teve um bom desempenho. Com a combinação dos resultados, terminou em 3º lugar na classificação geral e se acabasse agora, estaria com a vaga garantida no Mundial.
Apesar do alívio, a sequência de jogos não é animadora. Uruguai, Paraguai, Equador (líder) e Colômbia até o meio do ano que vem. Será um longo ano.