Com a interdição da Arena Pantanal, o governo de Mato Grosso busca as melhorias necessárias no estádio para que eventos agendados como a partida deste sábado entre Cuiabá Arsenal e Corinthians Steamrollers, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, seja disputada.
A decisão da juíza Célia Regina Vidotti, da Vara de Ação Civil Pública, obrigou a empresa Mendes Júnior voltar ao local para a conclusão total das obras e realizar os reparos necessários para a entrega ao estado.
Na decisão, a juíza faz duras críticas à empreiteira e ao Governo de Mato Grosso, que segundo ela “a atuação do Poder Público Estadual frente à execução do contrato da obra da "Arena Pantanal" foi, no mínimo, de negligência e até certa irresponsabilidade ao não atuar de modo incisivo e, se fazer presente em todas as etapas de obra tão vultosa”.
No despacho ela cita que "há risco iminente de desprendimento de placas de fibrocimento que estão na área externa (fachada) da “Arena Pantanal” e dos rufos metálicos da cobertura. Assim, determino que o requerente Estado de Mato Grosso proceda a imediata interdição do local, de forma que nenhum evento poderá ali ser realizado até que o defeito seja resolvido e não haja mais nenhum potencial risco a integridade física e a vida dos usuários da “Arena Pantanal”.
Desde a manhã desta quinta-feira, funcionários do governo trabalham para corrigir as falhas e obter a liberação do estádio, que custa cerca de R$ 600 mil mensais em manutenção, pagos pelos cofres públicos.
Os problemas no estádio se arrastam desde a Copa do Mundo 2014. Os diversos atrasos na obra, fizeram com que a empresa e governo acelerassem o processo e o que se viu foi má acabamento e materiais incompatíveis com o contratado, conforme citação da juíza na liminar.
Desde então, a empresa nunca voltou à obra para a conclusão e o governo sempre alegou que não poderia intervir na parte física do estádio enquanto não recebesse as chaves. O custo do estádio ficou em R$ 700 milhões. Se não terminar a obra até o fim do ano e obter o certificado ambiental, os juros do empréstimo junto ao BNDES irão dobrar, o que vai elevar ainda mais o custo final do empreendimento.
No fim do ano passado, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi proposto pelo governo, mas a empresa Mendes Júnior não aceitou os termos. Tanto empresa quanto governo alegam diferenças financeiras para o término do estádio.
Sem manutenção, diversos itens do estádio acabaram se deteriorando como nas áreas elétricas e hidráulicas. No início de 2015, a Arena Pantanal já havia sido interditada por conta disso. Desde lá, os problemas foram se arrastando o que tirou diversos jogos de Cuiabá de times como Flamengo, Fluminense e Botafogo, além de uma partida da Seleção Brasileira.
"Nos relatórios de vistorias elaborados por equipes técnicas da Auditoria-Geral do Estado, Secretaria de Estado de Cidades e pela empresa contratada para acompanhar e gerenciar a obra, observa-se que a maioria esmagadora dos vícios encontrados são decorrentes de três vertentes, atribuíveis exclusivamente ao empreiteiro, quais sejam: má-execução, execução em desconformidade com as orientações técnicas; emprego de material insuficiente ou de qualidade inferior... A obra apresentou defeito desde o seu primeiro uso e o decurso do tempo só fez agravá-los, incrementando os prejuízos suportados pelo Poder Público e pela coletividade", cita outro trecho do despacho.