A belga Marieke Vervoort, campeã paralímpica de atletismo em Londres 2012, pretende tomar uma medida drástica logo após sua participação na Paralimpíada do Rio. Segundo o jornal francês Le Parisien, a atleta pensa em encerrar a carreira e dar fim à própria vida. Portadora de uma doença degenerativa incurável que paralisa as pernas, Marieke cogita praticar a eutanásia.

A Bélgica é um dos poucos países do mundo onde a eutanásia não é crime, desde que haja consentimento médico. No ano passado, mais de 2 mil casos foram declarados no país. A lei foi revista em 2014 e agora permite que menores de idade acometidos de doenças incuráveis e "em capacidade de discernimento" possam escolher a eutanásia. A Bélgica é o único país a autorizar este ato sem limite de idade.

- Todo mundo me vê sorrir com a medalha de ouro, mas ninguém vê o lado escuro. Sofro muito, às vezes dormindo apenas dez minutos por noite, e ainda lutando pelo ouro – conta Marieke, em entrevista a uma TV francesa.

A carreira da belga no atletismo é marcada por importantes conquistas. Marieke ganhou duas medalhas na última Paralimpíada: ouro na prova dos 100m em cadeira de rodas e prata nos 200m. Também subiu ao topo do pódio três vezes no Mundial de Doha, no Catar, em 2015 (100m, 200m, 400m). Ela ainda é dona de quatro recordes mundiais em 400, 800, 1500 e 5000 metros (categoria T52). A atleta de 37 anos conta que até planejou o próprio funeral e fala em tom de despedida sobre a participação na Paralimpíada.

- O Rio é meu último desejo. Eu treino muito duro, mesmo se tiver que lutar dia e noite contra a minha doença. Espero terminar a minha carreira em um pódio no Rio. [Sobre o funeral] Quero que todos tenham uma taça de champanhe na mão e um pensamento para mim.