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Vanderlei Cordeiro, ao acender a pira: ''É bem maior que ganhar medalha''

Guga e Hortência abrem o caminho com a tocha até entregá-la ao ex-maratonista. Medalhista marcado por incidente em Atenas 2004, ídolo nacional substituiu Pelé.

Redação
Por: Redação Fonte: MT Agora - Globo Esporte
06/08/2016 às 04h48 Atualizada em 01/02/2023 às 21h38
Vanderlei Cordeiro, ao acender a pira: ''É bem maior que ganhar medalha''

O aviãozinho de Vanderlei Cordeiro de Lima decolou de novo. E agora alçou o seu voo mais alto, indo além dos céus e o imortalizando. A honra maior da cerimônia de abertura da Olimpíada Rio 2016 coube a um ex-boia-fria. Foi dada ao filho do seu "Zé Pequeno" e da dona Aurora, dois retirantes nordestinos que fugiram da seca em busca de melhores condições de vida. Foi dada ao menino que sonhava ser jogador de futebol, mas que sem dinheiro corria descalço nas ruas de Tapira, no interior do Paraná. Injustiçado em Atenas 2004, quando um ex-padre interrompeu seu trajeto rumo à medalha de ouro na maratona, Vanderlei teve o privilégio de acender a pira olímpica, emocionando o Maracanã e colocando abaixo a informação de que a pessoa que participasse do revezamento da tocha pelo país estaria fora da lista.

A escolha pelo ex-atleta deu fim ao suspense. Desde que o Brasil foi eleito para receber os Jogos, em 2009, cogitou-se Pelé, que, por questões de saúde, desistiu em cima da hora. Falou-se em Hortência, Gustavo Kuerten, Cesar Cielo ou Oscar. A responsabilidade, contudo, ficou com o cara que fez o país chorar pelo ouro que não veio. Ficou com o cara que, mesmo derrotado, sorriu e muito nos ensinou pela postura que o fez, inclusive, digno da medalha Pierre de Coubertin. Desta vez, nenhum padre louco impediu Vanderlei da glória.

Acostumado a se concentrar para as provas de atletismo durante toda a carreira, Vanderlei revelou uma tensão nova ao ter a responsabilidade de acender a pira olímpica. Ainda emocionado, ele espera que os atletas brasileiros possam fazer história nestes Jogos.

- A emoção foi muito grande, estava me contendo. A adrenalina é muito grande. É um momento único. Acho que não só para mim, mas para todos os esportistas brasileiros. Principalmente essa galera que vai nos representar. Estamos também na torcida para que eles possam realmente marcar um momento nos Jogos Olímpicos - disse o ex-atleta, que comparou o feito da noite de abertura com a conquista do bronze na maratona, em Atenas, em 2004.

- É bem maior do que ganhar uma medalha. É a primeira vez que participo de uma abertura de Jogos - contou Vanderlei Cordeiro de Lima.

Até chegar a Vanderlei, a tocha passou pelas mãos de Guga, o dono do saibro e maior tenista da história do país. Emocionado, passou para Hortência, a Rainha do basquete. Celebrando muito, ela levou a chama até Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele a recebeu, subiu as escadas e foi até a pira olímpica, no ponto alto da festa. Ele tocou a chama no caldeirão que subiu e a levou até a pira principal.  Ela, então, se abriu para receber o fogo olímpico. Vanderlei garantiu que não sabia que seria o encarregado de acender a pira.

- Foi uma surpresa muito grande. Eu não esperava. O meu grande momento nos Jogos, sem dúvida, era conduzir a tocha olímpica, como conduzi (em Brasília). Foi uma grande surpresa. Os deuses do olimpo, mais uma vez, me presentearam. Tenho uma enorme gratidão - contou.

Antes, Emanuel, do vôlei de praia, Rosa Pimentel, cardiologista, Sandra Pires, também do vôlei de praia, Torben Grael, da vela, Joaquim Cruz, do atletismo, Marta, do futebol, Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, e Oscar Schmidt, do basquete, conduziram a bandeira olímpica em homenagem especial do COI e do Comitê. Robert Scheidt, da vela, fez o juramento olímpico dos atletas.

A SAGA DE VANDERLEI

Vanderlei nasceu em Cruzeiro do Oeste, interior do Paraná. Com seis irmãos, teve infância humilde. Crescido em Tapira, o filho do seu "Zé Pequeno" só foi registrado um mês depois. Mais velho, tinha o sonho de ser jogador de futebol. Na adolescência, trabalhou como boia-fria para ajudar a família. Aos 11 anos, descobriu a paixão pela corrida e não parou mais. Os treinos de alto rendimento, contudo, só foram iniciados aos 14 anos, quando ganhou um tênis do diretor da escola que frequentava. Entre suas principais conquistas, Vanderlei tem a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e os ouros nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg 1999 e Santo Domingo 2003.

Ele também tem a honra de ser o único atleta latino-americano com a medalha Pierre de Coubertin, maior condecoração humanitária/esportiva concedida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O título foi dado para o paranaense depois do episódio ocorrido em Atenas 2004. Vanderlei liderava a prova da maratona quando foi "atropelado" pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan, que invadiu a área de prova e o parou propositalmente. Ajudado pelo grego Polyvios Kossivas, o brasileiro seguiu na liderança, mas dali em diante perdeu o seu foco e acabou ultrapassado, ficando com o bronze.

A ESCOLHA DO PARANAENSE

Vanderlei Cordeiro sempre foi um dos cotados para acender a pira olímpica, mas aparecia atrás de outros figurões. Pelé era o favorito. Seu nome era dado como certo, apesar do mistério. Na semana passada, o Rei do futebol inclusive resolveu pendências com seus patrocinadores para participar da festa. O peso da idade e a dificuldade de locomoção após duas cirurgias no quadril, contudo, o fizeram desistir de participar da festa nesta sexta-feira, através de uma nota oficial.

Neste momento, o Comitê Rio 2016 teve que ser rápido. Trabalhava com outras frentes e fez pesquisas informais nas redes sociais para ter um termômetro para a escolha. Vanderlei Cordeiro de Lima teria sido escolhido horas antes da abertura. No dia 3 de maio, o ex-atleta já havia conduzido a tocha olímpica em Brasília, no primeiro dia do revezamento em solo brasileiro. No ato, emocionante, Vanderlei fez o aviãozinho imortalizado após sua entrada no Estádio Olímpico de Atenas, em 2004, e que se tornou sua marca oficial desde então. Ali, passou-se a se descartar a sua participação e que ele acendesse a pira, já que o Rio 2016 havia dito que quem participasse do Tour da Tocha estaria fora da possível lista.

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