
Após os aros olímpicos, foram inaugurados nesta sexta-feira na Praia de Copacabana os agitos paralímpicos, escultura que será o símbolo da Paralimpíada do Rio de Janeiro. A obra de 4m de altura e 3m de comprimento, feita com material reciclado, tem diversas texturas e aromas. A artista plástica Elisa Brasil trabalhou em parceria com o cenógrafo Tejota Bastos para transformar o lixo em arte e aguçar os cinco sentidos, mesclando os conceitos de inclusão, interatividade e sustentabilidade. Os agitos remetem à ideia de movimento. Crianças e jovens municipais ajudaram a recolher o plástico usado na instalação e participaram do processo de criação. Alguns dos materiais foram tirados inclusive da praia onde está exposto o trabalho artístico.
A inauguração contou com a presença de membros do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), como o presidente Sir Philip Craven e o diretor de comunicação Craig Spencer, além de Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e do mascote Tom. Crianças do Instituto Benjamin Constant, instituição de ensino destinada a pessoas com deficiência visual, no bairro carioca da Urca, também estavam presentes e aprovaram a obra.
- A habilidade dos artistas brasileiros de serem passionais em suas expressões manifestações é impressionante, e este é mais um exemplo. Uma expressão do brilho brasileiro. O que eu gosto muito desses agitos é a natureza inclusiva. Diferentes cheiros e texturas, o fato de que muitos desses materiais foram tirados da Praia de Copacabana, ou seja, a praia fica ainda mais limpa, fazendo com que isto seja fonte de inclusão e interatividade. Queria agradecer aos artistas, Elisa Brasil e o cenógrafo Tejota Bastos, assim como os jovens que ajudaram a coletar os plásticos. Posso garantir que teremos grandes Jogos Paralímpicos, hoje é apenas o começo de duas semanas inesquecíveis. Estou muito confiante de que a paixão do carioca pelo esporte vai inspirar e contagiar a todos - disse Sir Philip Craven.
- A energia está refletida no crescente número de ingressos vendidos, que passaram de 1,4 milhões, subindo como um foguete. Há duas semanas, eu disse que os Jogos do Rio 216 serão os Jogos das pessoas, e eu estou sentindo isto realmente acontecendo. Estes Jogos irão transformar a sociedade e tornar o Rio mais acessível e inclusivo para todos. Quando as pessoas pensam no Rio, podem imaginar o Corcovado, o Pão de Açúcar, mas muita gente pensa também no lindo povo brasileiro e aqui em Copacabana temos algumas dessas pessoas. Quando as pessoas pensam nos Jogos, pensam nos agitos, no sentido de "eu me movo", o lema do movimento paralímpico internacional. É extraordinário ter esse símbolo aqui. Muitas selfies e fotos serão tiradas nesses símbolos, permeando as imagens para todo o mundo - completou.
Em frente à escultura, um cubo com inscrições em braile explicam a ideia dos agitos. Na técnica de reciclagem escolhida pelos artistas, os plásticos são triturados, aquecidos e prensados. Assim, formam outra chapa para compor a base de cada um dos três agitos (vermelho, verde e azul). O azul, por exemplo, foi produzido com uma tela por fora e garrafas de amaciantes por dentro, com aroma de limpeza. Para preencher e dar mais resistência para a escultura, os artistas escolheram usar garrafas PET. Ex-atleta de judô e atletismo, Davisilas Santos Souza disse que nunca havia experimentado nada parecido.
- Foi muito bacana a ideia das texturas e cheiros. Quando a gente só ouve, fica um pouco complicado, porque fica sempre aquela curiosidade, de querer entender melhor e ver como são os detalhes. Ter a oportunidade de tocar em materiais como este facilita bastante a nossa compreensão. É algo novo, foi a primeira vez que vi algo assim - disse Davisilas.
Andrew Parsons destacou o conceito do movimento na criação dos agitos.
- Gostaria de agradecer a todos, mas, principalmente, as pessoas com deficiência no Rio de Janeiro, aqui representadas pelos estudantes e, quem sabe, futuros atletas. O Comitê Paralímpico Brasileiro nasceu dentro do Benjamin Constant, muitos atletas saíram de lá também para brilhar nos Jogos de Londres e do Rio, uma cidade que encarou os desafios e entendeu as oportunidades. A cidade está mais acessível, tem feito iniciativas de educação. A acessibilidade não é só um dever das autoridades, mas de todos. O símbolo dos agitos represente o "I move", na tradução, o "eu me movo", o espírito em movimento. Cada um de nós tem um coração batendo dentro de si, que é a logo dos Jogos Paralímpicos, e cada um espírito que está em movimento, não importa a deficiência, a condição física, sensorial ou intelectual. O espírito está sempre em movimento e é isto que vamos testemunhar nas performances dos nossos atletas incríveis a partir de 7 de setembro.







