O primeiro dia da natação brasileira nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 não ficou marcado apenas pelo ouro do astro Daniel Dias. Aos 20 anos, Ítalo Pereira também subiu ao pódio do Estádio Aquático na noite desta quinta-feira. Foi terceiro lugar na final dos 100m costas, categoria S7. Bronze com jeito de ouro para fechar a noite: torcida barulhenta e muita comemoração. o brasileiro completou a prova em 1m12s48. O ouro ficou com o ucraniano Ievgenii Bogodaiko (1m10s55), e a prata foi para o britânico Jonathan Fox (1m10s78).
Parecia que ouro era verde-amarelo. Italo comemorou muito, dentro e fora da piscina. Lembrou dos tempos em que encarava seis horas diárias de ônibus - quatro viagens - para treinar.
- Foram muitos sacrifícios, desde quando eu pegava seis horas de ônibus por dia para treinar. Depois tive que deixar minha família para buscar condições melhores de treino em São Paulo.
Italo tem mobilidade reduzida por conta de uma rubéola congênita. A natação entrou na vida dele aos 13 anos, como alternativa à fisioterapia. E rapidamente virou paixão. Quando morava com a família, em Goiânia, treinava em dois períodos, de manhã e à tarde. E passava seis horas em deslocamentos.
- Minha mãe trabalhava, era empregada doméstica. Eu ia treinar de manhã e à tarde.
Era uma hora e meia pra ir e uma hora e meia para voltar. Voltava para casa na hora do almoço, levava a irmã à escola, descansava uma hora. Encarava mais uma hora e meia de ônibus para ir ao treino...
- E mais uma hora e meia para voltar para casa, ia para a escola. Ia dormir umas 23h.
Sacrifício recompensado no pódio, em cada grito que escutou da arquibancada.
- É inesquecível. Ganhar uma medalha dentro do seu país, com toda a torcida a seu favor... Não é uma conquista só minha, é de todos.