
Diretoria de futebol, comissão técnica e analistas de desempenho da Chapecoense mal dormem em busca de reforços. Para construir um elenco inteiro são necessários entre 25 e 30 jogadores, que poderão se juntar ao argentino Martinuccio, a jovens da base e outros poucos que poderão tem seus contratos renovados. Mas a situação desconfortável não muda o “padrão Chape”.
Engana-se quem pensa que o clube vai aceitar quaisquer atletas. Além de desempenho e características físicas como força e velocidade, até mesmo o estado civil pesa na decisão pelos próximos reforços. Nenhuma novidade. São paradigmas seguidos há várias temporadas.
10 entre 10 pessoas da cidade de Chapecó apontam o grupo da Chapecoense como totalmente disciplinado, principalmente até fora de campo. Baladeiros, arruaceiros ou aqueles que deixam a bebida interferir no desempenho profissional não têm vez. O radar dá preferência a atletas casados e que, de preferência, se mudem com a família.
O meia Cleber Santana, um dos 19 jogadores que morreram na queda do avião da LaMia, era o responsável do elenco mais recente por fazer o alerta aos companheiros. Telefonava e avisava: aqui, qualquer ato vira conhecimento público, até mesmo em cidades vizinhas. Funcionários da Chape dizem que os próprios jogadores tratam de afastar quem sai da linha.
É óbvio que não existe um veto a solteiros, mas os responsáveis pela construção do elenco vão a fundo para investigar o comportamento de cada foco de interesse. Por exemplo, ligam para antigos treinadores e perguntam qual foi a reação do jogador ao ser colocado no banco de reservas em alguma oportunidade.
A postura é fator primordial.
– Eles terão que honrar aqueles que morreram – determina um funcionário do clube.
Sem um número definido de reforços, a diretoria trabalha intensamente a partir da lista que já havia sido elaborada por Mauro Stumpf, responsável pelo futebol morto na tragédia, e com incrementos do novo departamento e do técnico Vagner Mancini. Cruzam dados, procuram novos nomes, melhores negócios.
Apreensiva pela proximidade da pré-temporada – a reapresentação está marcada para o dia 3 de janeiro –, a diretoria não pretende anunciar uma contratação seguida da outra. Quer reunir uma quantidade relevante de novos jogadores para mostrar um “pacotão” e poder pelo menos esboçar o início dos trabalhos.