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Estudo aponta dois picos de casos de Covid-19 em MT e faz projeções para os próximos meses

Levantamento feito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) traça perfil da pandemia e faz projeções.

Redação
Por: Redação Fonte: Por: Kethlyn Moraes | G1
23/03/2021 às 10h37 Atualizada em 20/01/2023 às 07h52
Estudo aponta dois picos de casos de Covid-19 em MT e faz projeções para os próximos meses

Um levantamento feito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) mostra o panorama da pandemia no estado ao longo de um ano. Segundo o estudo, o alto índice de propagação da Covid-19, as altas taxas de incidência e de mortalidade, uma rede hospitalar no limite de atendimento e os riscos distintos para diferentes grupos de indivíduos e regiões de saúde, apontam para a necessidade de medidas de controle mais rigorosas e eficazes.

"Novas estratégias precisam, urgentemente, serem delineadas e efetivadas na busca pela eficiência do poder público no controle da Covid-19 em Mato Grosso", diz trecho da pesquisa.

O estudo também aponta que mesmo com a intensa ampliação do número de leitos de UTI para atendimento exclusivo dos casos de Covid-19 pelo governo estadual, observou-se a ocupação próxima ao máximo por semanas consecutivas.

"Desta forma, a ampliação do número de leitos de UTI não tem sido suficiente para atendimento dos casos graves da doença, evidenciando a necessidade de medidas de mitigação da disseminação da Covid-19 na população", diz outro trecho.

A elevada ocupação de leitos de enfermaria nas primeiras semanas de 2021, maior do que observada em 2020, pode indicar tanto a maior busca por serviços de saúde entre casos com sintomas da doença, quanto a ocupação desse tipo de leito por casos graves que aguardam pela liberação de leitos de UTI.

O levantamento também aponta que mais da metade dos óbitos ocorridos entre crianças e adolescentes e quase 40% das mortes entre adultos foram de indivíduos sem outras comorbidades, o que ressalta a mortalidade para além dos grupos de risco.

Perfil

  • De acordo com o levantamento, houve maior acometimento do sexo masculino tanto nas internações (57,3%) como nos óbitos (58,9%) diferentemente dos casos, nos quais a maior frequência foi no sexo feminino (53,0%);
  • A idade média dos infectados pela doença foi 39,6 anos, dos internados foi 56,6 anos em e 66 anos entre aqueles que foram a óbito;
  • A maioria dos casos ocorreu em adultos (20 a 59 anos), que representaram aproximadamente 78% dos casos registrados, enquanto os idosos representaram cerca de 70% das mortes por covid-19 em Mato Grosso.

Perfil dos casos, internações e mortes por Covid-19 em MT em um ano de pandemia — Foto: Reprodução/UFMT

Perfil dos casos, internações e mortes por Covid-19 em MT em um ano de pandemia — Foto: Reprodução/UFMT

Letalidade
A letalidade cresce com a idade: entre os idosos, por exemplo, a maior letalidade foi no grupo de 80 anos e mais, dentre os quais cerca de 27,3% morreram, enquanto que entre 79 a 79 anos foi 16,2% e 7,0% em 60 a 69 anos.

Taxa de incidência, hospitalização, mortalidade e letalidade por grupo etário em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Taxa de incidência, hospitalização, mortalidade e letalidade por grupo etário em MT — Foto: Reprodução/UFMT

A letalidade entre indígenas (4,4%) e negros (2,3%) é mais elevada quando comparada com os demais grupos de indivíduos de cor/raça branca (1,9%) e amarela (1,4%).

Na maioria dos meses a taxa de letalidade, dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19, manteve-se em torno de 2%, com exceção dos meses de maio a agosto de 2020 que foi superior a 3%.

Casos, incidência,óbitos, mortalidade e letalidade por mês em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Casos, incidência,óbitos, mortalidade e letalidade por mês em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Segundo o estudo, os valores elevados de letalidade podem refletir graves falhas e a sobrecarga do sistema de atenção e vigilância em saúde nesses meses em que houve o elevado número de casos da doença, como a insuficiência de testes de diagnóstico, identificação de grupos vulneráveis e encaminhamento de doentes graves.

Picos da pandemia
O estudo também aponta que ao longo dos primeiros 12 meses de epidemia de Covid-19 em Mato Grosso, houve duas elevações importantes no número de casos e óbitos pela doença registrados.

Entre as semanas epidemiológicas 20 e 30 (30 de maio a 25 de julho de 2020) o número de casos passou de 1.560 para 9.753 por semana e o número de óbitos pela doença subiu de 57 para 277 registrados por semana.

Ou seja, o número de casos aumentou em 6 vezes e de óbitos em quase 5 vezes em aproximadamente dois meses.

Casos e mortes por semana epidemiológica em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Casos e mortes por semana epidemiológica em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Nos meses subsequentes observou-se elevado número de mortes registradas semanalmente, estando acima de 100 óbitos semanais até 3 de outubro.

Este cenário volta a se repetir em dezembro do ano passado (semana epidemiológica 50), quando o número de casos registrados volta a mostrar rápido aumento e, consequentemente, poucas semanas depois, o estado volta registrar mais de 100 óbitos por semana, sendo a média de 151 óbitos por semana nas nove primeiras semanas de 2021.

Leitos de enfermaria e UTI
Em relação a distribuição dos leitos de UTI, em 13 de março de 2020, Mato Grosso dispunha de 13 leitos para cada 100 mil habitantes. No entanto, um ano depois, das 16 regiões de saúde do estado, ainda há cinco sem leitos pactuados para atendimento exclusivo de casos de Covid-19.

Além disso, as regiões Médio Norte, Noroeste e Oeste Mato-grossense apresentavam menos de 6 leitos por 100 mil habitantes.

Entre abril de 2020 e março de 2021 houve a ampliação do número de leitos de enfermaria e de UTI pactuados para o atendimento dos casos de Covid-19 no estado.

Entre abril e agosto do ano passado houve o maior o incremento de leitos de enfermaria e a partir de então houve a estabilidade entre 817 e 876 leitos, estando pactuados 836 até o dia 13 de março deste ano, quando 53% das enfermarias estavam ocupadas.

Houve aumento na ocupação de leitos nas dez primeiras semanas de 2021:

Número de leitos de enfermarias pactuados e ocupados em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Número de leitos de enfermarias pactuados e ocupados em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Quanto aos leitos de UTI, em em 20 de junho, Mato Grosso tinha 241 leitos de UTI adulto, o que indicava uma relação de 0,73 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes.

Neste mês, o número de leitos de UTI pactuados é de 486. Foram pactuados mais de 80 leitos de UTI entre a primeira e décima semana de 2021 (passando de 403 para 486), sendo que oito estavam bloqueados na data avaliada.

Ainda assim, a taxa de ocupação foi superior a 95% nas duas primeiras semanas de março de 2021.

Número de leitos de UTI pactuados e ocupados por semana em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Número de leitos de UTI pactuados e ocupados por semana em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Apesar da ampliação do número de leitos, ao classificar as taxas de ocupação dos leitos de UTI considerando zona de alerta crítica quando iguais ou superiores a 80%, zona de alerta intermediária quando iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%, e fora de zona de alerta quando inferiores a 60%, verificou-se que por 15 semanas epidemiológicas o nível de ocupação fora classificado como zona de alerta intermediária e em nove semanas como zona de alerta crítica, sendo três delas entre fevereiro e março de 2021.

Ou seja, das 46 semanas epidemiológicas avaliadas, em apenas metade delas, Mato Grosso era classificado fora de zona de alerta.

Classificação do nível de alerta de ocupação das UTIs em MT por semana em 1 ano de pandemia — Foto: Reprodução/UFMT

Classificação do nível de alerta de ocupação das UTIs em MT por semana em 1 ano de pandemia — Foto: Reprodução/UFMT

Projeção de casos no futuro
Levando em consideração o histórico de dados registrados e as estimativas obtidas anteriormente, a pesquisa traçou alguns cenários para situação da Covid-19 em Mato Grosso nos próximos meses.

A tabela mostra a projeção do percentual da população acometida entre março e setembro de 2021, sendo o Cenário I o mais otimista e o Cenário III, o mais pessimista, no qual ao final de setembro cerca de 14% da população mato-grossense teria sido infectada.

Projeção do percentual da população com Covid-19 nos próximos meses em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Projeção do percentual da população com Covid-19 nos próximos meses em MT — Foto: Reprodução/UFMT

Em um cenário mais pessimista (Cenário III), as taxas de transmissão se manteriam elevadas de modo que o acumulado de casos poderia ter um crescimento de 81% nos próximos seis meses, em que aproximadamente 14% da população do estado teria contraído a doença até o final do mês de setembro.

Ainda nesse cenário, o número de novos casos continuaria aumentando até meados de abril de 2021.

Projeção da evolução de casos em MT nos próximos meses — Foto: Reprodução/UFMT

Projeção da evolução de casos em MT nos próximos meses — Foto: Reprodução/UFMT

Um cenário intermediário (Cenário II) consistiria em uma composição de taxas de transmissão de modo que se verificaria uma estabilidade no número de novos casos dos próximos dias antes de uma redução lenta e gradual.

Neste caso, pode haver um crescimento de aproximadamente 50% no acumulado de casos nos próximos seis meses, de modo que 11,7% da população do estado contrairia a doença até o final de setembro de 2021.

Já em um cenário menos pessimista (Cenário I), observa-se uma redução nas taxas de transmissão de modo que o acumulado de casos entraria numa fase de desaceleração, crescendo em torno de 25% nos próximos seis meses, em que aproximadamente 9,8% da população do estado teria contraído a doença até o final do mês de setembro.

Nesse cenário, haveria uma redução no número de novos casos ao longo do período.

Tais projeções apresentadas não consideram os efeitos das estratégias de vacinação, o que, em se concretizando, poderá reduzir as taxas de transmissão e mitigar os efeitos do crescimento do número de casos.

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