
A falta de chuvas regulares está castigando os produtores rurais da região médio-norte de Mato Grosso, obrigando replantios, elevando custos e ameaçando a produtividade da safra 2025/26 de soja e milho. Dados coletados pelo projeto Mato Grosso Clima e Mercado, da Aprosoja MT, revelam um cenário preocupante nos núcleos de Tapurah, Ipiranga do Norte e Sorriso.
Em Tapurah, o produtor Regis Porazzi ainda realiza replantio em 10% de sua área. "É um ano muito difícil, muito desafiador. Problemas de janela, de plantio de milho. Essa janela já não contempla mais o milho", lamenta o agricultor, que também atua como delegado coordenador do núcleo local da Aprosoja.
Custo Extra e Ameaça de Pragas
O replantio traz uma cadeia de prejuízos:
Aumento nos custos de insumos e mão de obra
Plantio fora da janela ideal para o milho
Maior exposição a doenças e pragas como mosca-branca e percevejo
Risco de perdas adicionais nos meses de janeiro e fevereiro
"O maior problema nosso aqui é o custo alto dos insumos, do retrabalho e das práticas que vamos enfrentar na virada de janeiro para fevereiro", explica Porazzi.
Irrigação como Solução Emergencial
Em Ipiranga do Norte, o produtor Vitor Gatto recorreu à irrigação com pivô para salvar a produção. "Tivemos que usar a irrigação. O pivô, nesse sentido, acaba ajudando a gente, como produtor, que tem amor no que faz e quer salvar a soja", relata Gatto, que também é delegado coordenador do núcleo local.
A solução, no entanto, vem com custos adicionais significativos. "Hoje não é barato você irrigar, você conduzir uma lavoura irrigada, o custo da energia é bem alto, mas a gente teve que usar a irrigação até mais do que no ano passado", afirma.
Plantio Mais Longo da História
Em Sorriso, o produtor Diogo Damiani relata que a safra 2025/26 teve o plantio mais longo da história do município. "Passamos os últimos 30 dias aqui com apenas 18 milímetros. Finalizamos o plantio aqui no município praticamente no dia 5 de novembro, um dos mais longos que nós contamos da história", conta.
Damiani também alerta para a falta de armazenamento na região. "Atualmente Sorriso tem somente 50% da capacidade de armazenar, precisando investir em bolsões para guardar os grãos", revela.
Os relatos colhidos pela Aprosoja MT mostram um cenário desafiador para os produtores da região, com a seca impactando não apenas o plantio atual, mas também ameaçando a produtividade e a rentabilidade da safra que está por vir.