
Dados recentes da Serasa Experian indicam que o acesso ao crédito em condições competitivas permanece como um dos principais obstáculos para quase metade (48,84%) das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. O cenário de escassez atinge de forma mais acentuada a região Sudeste, que concentra 50% dos empreendedores com dificuldades de financiamento, seguida pelo Sul (19,5%) e Nordeste (17%). Embora o setor de serviços lidere as restrições (52%), o comércio, que engloba atacado e varejo, responde por 9% das empresas que enfrentam barreiras junto às instituições financeiras.
A pesquisa evidencia ainda que a baixa reputação financeira é um entrave decisivo: 85% das PMEs com dificuldades de crédito possuem Score PJ abaixo de 600 pontos, sendo que apenas 14% das empresas com pontuação considerada alta (acima de 601) relataram problemas similares. Diante desse panorama de juros elevados e critérios rigorosos de concessão, o comércio atacadista de gêneros alimentícios no estado de São Paulo tem buscado estruturas tecnológicas como alternativa para otimizar a gestão interna e reduzir a dependência do sistema bancário convencional.
Para enfrentar esses gargalos estruturais de fluxo de caixa, o Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (SAGASP) firmou uma parceria com a plataforma de tecnologia financeira PayPay. A iniciativa visa ampliar o acesso dos associados a ferramentas de pagamento empresarial e conferir maior previsibilidade financeira às companhias filiadas.
Segundo D’Artagnan Balsevicius Junior, tesoureiro da SAGASP e diretor efetivo da Fecomércio-SP, a escolha da solução ocorreu após análise de mercado, com foco na segurança jurídica dos estabelecimentos representados. A tecnologia adotada viabiliza o uso do limite de cartões de crédito para o pagamento de despesas operacionais, como faturas de energia, aluguel e fornecedores.
"A solução permite o fortalecimento do capital de giro das empresas com custos inferiores aos praticados pelo mercado tradicional", afirma D’Artagnan Balsevicius Junior. No modelo operacional, o usuário consegue parcelar os pagamentos em até 21 vezes, enquanto o fornecedor recebe o valor de forma integral e imediata.A ferramenta também possibilita que os próprios clientes dos atacadistas usufruam do sistema. Dessa forma, o estabelecimento recebe o pagamento à vista, enquanto o comprador obtém prazos estendidos para a quitação. De acordo com a diretoria do sindicato, a mecânica foi desenhada para estimular o faturamento e a circulação de mercadorias na cadeia de abastecimento paulista, auxiliando na sustentabilidade de pequenos e médios varejistas ao reduzir custos de intermediação.
Como etapa futura, o projeto prevê a expansão do modelo para as unidades da CEASA em São Paulo, por meio de acordos com outros sindicatos patronais e laborais. A aliança utiliza a inovação e a cooperação institucional como ferramentas voltadas ao desenvolvimento econômico do setor no estado.